terça-feira, 12 de abril de 2011

A Capitania do Rio Grande do Norte

A Capitania do Rio Grande

(Por Genilson Medeiros Maia – Aluno do período 98.2)
Capitanias hereditárias
Após três décadas da descoberta do que seria posteriormente chamado de Brasil, Portugal voltou-se para a sua ocupação e conquista, muito mais por medo de perdê-la do que por convicção de ser um bom empreendimento.
O modelo de colonização escolhido foi o de Capitanias Hereditárias, já implantado com relativo sucesso em algumas de suas possessões menores no Atlântico, próximo ao continente africano. A Colônia, então denominada de Santa Cruz, foi dividida em quinze lotes, distribuídos entre doze donatários. A concessão dava-se por meio da Carta de Doação, na qual eram definidos os limites físicos da capitania, e do Foral, no qual eram estabelecidos os direitos e deveres dos beneficiários.
A Capitania do Rio Grande
A Capitania do Rio Grande, com cem léguas, foi doada a João de Barros, feitor das Casas de Mina e da Índia, a qual foi aglutinada com cinqüenta léguas doadas a Aires da Cunha e setenta e cinco léguas doadas a Fernão Álvares de Andrade, perfazendo um total de duzentos e vinte e cinco léguas de terras, cujos limites não são muito claros, em função do desaparecimento da Carta de Doação (CASCUDO, 1984).
O fracasso das primeira tentativas
A conquista do Rio Grande não foi possível por seus donatários em virtude da bravura dos índios Potiguares e dos franceses, esses últimos aqui embrenhados, fazendo exploração clandestina. Duas tentativas de conquista foram feitas pelos seus donatários, sendo a primeira em 1535, comandada por Aires da Cunha, contando com as presenças dos filhos de João de Barros (João e Jerônimo de Barros) e um representante de Fernão Álvares e mais novecentos homens e cem cavalos, armas e munições do próprio arsenal régio, e a segunda, provavelmente em 1555, tendo à frente somente os filhos de João de Barros. As duas tentativas fracassaram e o máximo que conseguiram foi fundar um povoado na ilha do Maranhão, a que deram o nome de "Nazaré", isso durante a primeira tentativa.
A conquista definitiva
Devido a sua localização e a sua extraordinária importância para a conquista do Norte, o Rei retomou a possessão do Rio Grande mediante indenização à família de João de Barros e ordenou ao sétimo Governador Geral do Brasil (l591 - 1602) Dom Francisco de Souza, que providenciasse a expulsão dos franceses e a construção de um Forte para dar início à colonização da Capitania. O trabalho de atacar os franceses e os índios revoltosos coube, por ordem de D. Francisco de Souza, aos capitães-mores de Pernambuco e da Paraíba, Manuel de Mascarenhas Homem e Feliciano Coelho de Carvalho, respectivamente.
A vitória portuguesa
De acordo com a organização estratégica para o ataque, duas frentes foram formadas, sendo que uma avançou por mar, comandada por Mascarenhas Homem e a outra por terra, capitaneada por Feliciano Coelho. O empreendimento foi coroado com êxito e em 06 de janeiro de 1598 foi iniciada a construção do Forte dos Reis Magos, sob os cuidados do jesuíta Gaspar de Samperes e planta de sua autoria. Daí surgiu um povoado que deu origem a Natal e também a base para a conquista da região setentrional brasileira, como um todo.
Sociedade colonial
A sociedade norte-rio-grandense após a conquista pelos portugueses era composta basicamente por três grupos étnicos: os aborígenes servindo como escravos, aldeados ou revoltados, embrenhados no mato, os invasores brancos divididos em homens livres proprietários e homens livres não proprietários e os escravos negros oriundos da África. E por imposição da própria conquista era uma sociedade agrária, na qual, em torno dos homens livres proprietários, gravitavam todas as determinações do local.
Primeira atividades econômicas coloniais
As primeiras atividades econômicas da capitania são marcadamente de subsistência, ancorando-se na pecuária, na pesca e na agricultura de mantimentos. A cultura da cana-de-açúcar nunca obteve tanto avanço aqui, restringindo-se, à época dos primeiros tempos, apenas ao vale do Cunhaú e posteriormente espalhando-se por todo o litoral sul da capitania.
Paralelamente à exploração dessas atividades, fazia-se a exploração do pau-brasil, com encaminhamento direcionado à Coroa.
Em que pese a importância do pau-brasil, da cana-de-açúcar, da pesca, da agricultura etc., a atividade econômica que viabilizou a ocupação definitiva da Capitania do Rio Grande (do Norte) foi a pecuária. De modo que a esta atividade deve-se não só a ocupação mas sobretudo o seu desenvolvimento.
Favor citar da seguinte forma:
MAIA, G. (1998). A capitania do Rio Grande. História do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide Web:
Referência Bibliográfica
CASCUDO, Luís da Câmara. História do Rio Grande do Norte. 2 ed. Rio de Janeiro: Achiamê; Natal: Fundação José Augusto, 1984.
SUASSUNA, Luiz Eduardo B. & MARIZ, Marlene da Silva. História do Rio Grande do Norte colonial (1597/1822). Natal: Natal Editora, 1997.

Os Potiguares

(Por Genilson Medeiros Maia – Aluno do período 98.2)
A descoberta de um novo mundo proporcionava enfrentar barreiras, vencer desafios, rumar ao desconhecido. Terra... terra farta, terra de ninguém pronta para ser desbravada, conquistada e explorada.
Mas que surpresa! Os portugueses, aqui chegando depararam-se com criaturas "de porte mediano, acima de 1,65cm, reforçados e bem feitos no físico. Olhos pequenos e amendoados como os da raça mongólica, escuros e encovados, de orelhas grandes, cabelos lisos e cortados redondos, arrancavam os pêlos da barba até as pestanas e sobrancelhas. Eram baços, claros, pintavam seus corpos com desenhos coloridos. Furavam o beiço, principalmente o inferior, assim como orelhas e o nariz". (SUASSUNA & MARIZ: 1997, p. 51).
Seus corpos nus expostos ao sol, sob o calor e maresia, demonstravam íntimo contato com a natureza selvagem e hostil. Contrastando com as cores do horizonte e na beleza exótica do lugar, os nativos observavam grandes embarcações com figuras espalhafatosas se aproximarem.
Nesse primeiro contato, os portugueses encontraram um povo que, na escala evolutiva, superava o paleolítico e dava seus primeiros passos na revolução agrícola, quanto à domesticação de plantas de condições selvagens para mantimento de seus roçados, assim como o cultivo da mandioca. Também foram cultivadas outras espécies, como: milho, batata-doce, abóbora, algodão, tabaco, cuias e cabaças, e algumas árvores frutíferas. Para seu cultivo empregavam técnicas e instrumentos rudimentares, como a queimada e a derrubada de árvores com machados de pedra.
Além da agricultura, os indígenas praticavam a caça e a pesca como fonte de alimentação, empregando armas como o arco e flecha com pontas talhadas em pedra. Da mesma forma que eram usados na guerra.
Os homens nativos integravam-se perfeitamente ao meio, mas eram agressivos quanto a outros grupos e viviam em constantes lutas por seu território e lugares sagrados, defendendo sua aldeia.
Festejaram a natureza, as estações, as luas, o sol, a chuva. Dançavam, cantavam em noites de festas, adornados com belas plumagens, em cocares, braceletes e tornozeleiras. Ficando em volta de grandes fogueiras, cultuavam seus mortos, valentes e valorosos guerreiros pedindo sua proteção, junto aos deuses.
Enquanto que os inimigos vencidos e aprisionados eram sacrificados em rituais de antropofagia.
Na cura de doenças, utilizavam de ervas e raízes extraídas da própria natureza. Assim como o uso de entorpecentes pelo Xamãs e Pajés, quando evocavam os deuses para auxiliá-los na luta contra os espíritos do mal.
Falavam o nhe-ê-Katu (língua boa), diferenciando de outros dialetos existentes nas diferentes tribos.
Utilizavam a cerâmica na fabricação de utensílios domésticos. A rede servia para o descanso e a canoa para locomoção e pesca.
Sob o olhar europeu, aqueles nativos selvagens precisavam aprender normas de conduta e suas almas necessitavam de salvação para poderem integrar-se a uma civilização. Civilização essa que desprezara sua cultura, crenças, tradições interferindo no curso de suas vidas cotidianas.
Foi de relevante importância a missão dos padres junto aos indígenas quanto à catequização, resultando em acordos de paz, ansiados por ambas as partes.
Nesta jornada destaca-se a figura de Francisco Pinto, "apóstolo da paz", que através da catequese conseguia levar os nativos para o lado dos portugueses. Assistindo-os em suas necessidades.
Entre os nativos, Felipe Camarão revela-se como grande aliado dos portugueses, juntamente com seus comandados, destacando-se na luta contra os holandeses e seus aliados.
A participação dos potiguares também é registrada na guerra dos bárbaros ou Confederação dos Cariris, em que se rivalizavam com os Tapuias. Pois não era possível essa homogeneidade entre tribos de diferentes línguas e costumes.
As rivalidades existentes entre tribos, o domínio português e a presença de negros, contribuiu para que houvesse sincretismo de culturas, onde o índio perdeu seu espaço e território. Com isso, sua história é de difícil acesso, ficando diversas indagações sobre origens e evolução cultural, pois a presença do português e da catequização contribuíram para um direcionamento na visão histórica, a partir do momento que sentiram necessidade de integrá-los ou combatê-los, de acordo com seus interesses.
Favor citar da seguinte forma:
ARAÚJO, F. das C. de S. O. ; SILVA, F. V. da; MACÊDO, M. das V. de A. & SILVA, M. E. da. Potiguares. História do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide Web:
Referências Bibliográficas
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. A formação e o sentido do Brasil. 2a ed. 4a reimpressão. São Paulo. Companhia das Letra,s 1996.
SUASSUNA, Luiz Eduardo B; MARIZ, Marlene da Silva. História do Rio Grande do Norte Colonial (1597/1822) Natal; 1997.
Tapuias

Por Ednilda da Silva Oliveira; Maria Auricéia de Morais; Eliete Dantas de Medeiros e Maria de Lourdes Pereira de Medeiros – Alunas do período 99.2 )
Aspectos histórico-geográfico dos Tapuias
Os Tapuias, também conhecidos por "Bárbaros", habitavam, dentre outras regiões, os sertões da Capitania do Rio Grande. Dividiam-se em vários grupos nomeados de acordo com a região onde moravam – Cariris (Serra da Borborema), Tarairiou (Rio Grande e Cunhaú), Canindés (no sertão do Acauã ou Seridó). Eram chefiados por vários reis e falavam línguas diversas. Merecendo destaque os reis Janduí e Caracará.
Caracteísticas Físicas dos Tapuias
Os homens apresentavam-se corpulentos, possuidores de grande força física. A pele queimada, em tons de marrom. Usavam cabelo longo ao sabor do vento. Não costumavam usar roupas. Eram desprovidos de pêlos por todo o corpo. Apesar de andarem nus, cobriam as partes íntimas com peças feitas de materiais rudimentares, extraídos da natureza. Em contra partida, as mulheres apresentavam estrutura física pequena, mas a cor era a mesma da dos homens. Costumavam manter os cabelos curtos ou longos, de corpos rechonchudos. Também escondiam suas partes íntimas. Adornavam seu corpo com o que encontravam na natureza – Penas de aves, folhas de plantas nativas, raízes, utilizavam-se de pedaços de paus para fazerem brincos, colares e outros. Utilizavam-se de tais enfeites tanto para a prática das danças, como na preparação para a guerra.
Rituais de Vida e Morte
Os Tapuias, por vezes, atingiam aproximadamente dois séculos de vida. Quando isso acontecia eram homenageados por sua tribo. Isto quando do sexo masculino - se do sexo feminino, ao darem à luz a mais de um filho, tornavam-se cativas. Estando doentes são visitados pelos amigos e se o caso de morte, matavam-nos para que não houvesse sofrimento. A causa mais freqüente de óbito entre os Tapuias era o veneno de cobra. Eram endocanibalistas, devoravam até mesmo os de sua tribo, quando da sua morte.
A Vida Amorosa dos Tapuias
A puberdade era o período em que a donzela estaria pronta para casar-se. A virgindade era bastante valorizada. O namoro, acontecia entre danças, onde eram escolhidos os pretendentes. No noivado, o pretendente oferecia presente ao sogro. Quando a donzela não arrumava pretendente, era levada ao rei e este a possuía.
Os jovens tinham que demonstrar valor pessoal, exibindo força física. O rei aprovava a cerimônia e quando esta se realizava, furavam-se as faces dos noivos e colocavam pauzinhos. A festa durava cinco dias. Os matrimônios eram severos, apesar da poligamia, mas as cerimônias eram reservadas às primeiras esposas. Possuir várias mulheres era sinal de prestígio. O adultério era raro, e o marido expulsava a ré, depois de açoitá-la, no caso do flagrante e poderia matá-los. Sobre os tapuias cariris, eram praticantes do adultério, e era recíproco.
Da Gravidez, do Parto e das Crianças
A Índia, quando grávida, não tinha relações com o marido, também enquanto amamentava. A tapuia dava à luz nas matas, cozia o umbigo e a placenta e comia. Quando voltava ao acampamento, o filho era cuidado por outra mulher. Os maridos tinham o mesmo resguardo da parturiente. Esta se alimentavam de farinha de mandioca, milho, feijão, até o nascimento dos dentes dos lactentes. Os nascidos mortos eram devorados pelos tarairiús. As crianças começavam a andar com nove semanas e aprendiam a nadar nesta mesma época. Entre sete e oito anos eram furados o lábio inferior e as orelhas e colocados ossos e paus, depois eram batizados, ficando aptos para as lutas.
Ferocidades, Armas e Lutas dos Tapuias
Os Tapuias possuíam semblante ameaçador, corriam igual as feras, por isso eram muito temidos. Eram inconstantes, fáceis de ser levados a fazer o mal. Eram fortes, carregavam nos ombros grandes pesos. Ao irem para guerra, marchavam em silêncio, mas no embate faziam bastante alarido, jogando setas envenenadas das quais os feridos jamais escapavam.
Foram úteis, como aliados dos holandeses, conduzindo aos lugares mais difíceis. Os tapuias que se destacavam nas lutas eram considerados heróis.
O poder real não era hereditário, este era substituído quando morto. O rei distinguia-se dos outros pelos cabelos e pelas unhas. Os tapuias eram muito obedientes ao rei.
Os tapuias se enfeitavam da cabeça aos pés para as lutas. Suas armas eram as flechas, as pranchetas, arcos e dardos, que usavam com grande habilidade. Usavam também as clavas e machados de mão; as armas eram enfeitadas com bonitas plumas. Eles não se utilizavam das armas de fogo, passaram a usar em razão da Guerra dos Bárbaros.
Das Habitações dos Tapuias
Eram nômades, paravam onde houvesse abundância de alimentos. Gostavam de viver ao ar livre. Por isso não construíam casa, levantavam alguns ramos para servir de abrigo. Eram gulosos, as reservas alimentares dentro da área duravam somente dois ou três dias. Quando partem para outros sítios tocam fogo no acampamento.
O rei era quem programava as atividades do dia e da noite. Antes de partirem, banhavam-se no rio, para espantar a moleza. Quando mudavam de acampamento, os mais fortes carregavam dois troncos de árvores. As mulheres e os meninos conduziam as armas, as bagagens e os trastes. Chegados ao local do novo acampamento, iam cortar árvores, e usavam os galhos e ramagens para fazerem sombra. As habitações dos tapuias eram toscas e feias.
Caça, Pesca e Agricultura dos Tapuias
Os tapuias levavam uma vida descuidosa. Não semeavam, não plantavam, nem se esforçavam por coisa alguma. Alimentavam-se com mel de abelhas e maribondos e com todas as imundícies da terra, como cobras e lagartos. Os tapuias armavam ciladas aos peixes e animais, utilizando seu admirável olfato e sua habilidade para comer. Alimentavam-se ainda de frutos agrestes, caça fresca, peixes, tudo sem temperos ou condimentos. Não semeavam outra coisa além da mandioca.
Para assar a carne, eles cavavam um buraco na terra e colocavam a carne, depois enterravam pondo folhas de árvores por cima e faziam uma fogueira por cima de tudo.
Para atraírem felicidade na caça e pesca, os tapuias cariris queimavam ossos de animais ou espinhas de peixes.
Os Jovens caçadores presenteavam os velhos da tribo com caças e pescarias, sem sequer comer um único pedaço. Durante o período de caça e pesca, comiam uma sopa muito rala, feita com farinha de milho ou mandioca. Depois dessa temporada, estavam magros, por razão do intenso trabalho e da alimentação inadequada.
A Língua dos Tapuias
A linguagem era um tanto mal entendida, pois era trêmula, e cantada, não se entendia nada.
Dezenas de palavras foram usadas na linguagem dos tapuias como por exemplo; carfa, caruatá, cayú, comatyn, corpamba, corraveara, cucuraí, ditre, entre outros.
As Aldeias Indígenas
Foram aldeias, que em pouco tempo foram transformadas em vilas, onde existia um chefe para governar esse vilarejo indígena, onde estabeleceu-se a forma de vida um tanto democrática entre os demais. Podemos citar alguns nomes de aldeias existentes, como: a aldeia Jacoca, Utinga, Baía da traíção, Monte Mor da preguiça, Boa Vista, Cariris, Campina Grande, Brejo, Panatis, Coremas, Aldeia dos Pegas, dos Icos pequenos, etc.
Religião dos Tapuias
A religião dos Tapuias era basicamente animista, eles adoravam as forças da natureza com o trovão, a lua, o sol, além disto, acreditavam que certos animais, como serpentes, aves e alguns mamíferos, como morcegos, praticaram sacrifícios de animais, até humanos. Os europeus aqui chegados trataram de demonizar os deuses dos Tapuias, como podemos ver na frase do cronista Morisot, "Os brasilianos só adoram o diabo, não que daí esperem um bem, mas porque o temem, e por esse motivo oferecem sacrifícios e o invocam". (30, 125).
Os Tapuias também tinham como Deus principal a Constelação da Ursa Maior, para eles um inimigo dos Tapuias o intrigou com o seu Deus, este era a raposa, a causadora de sua expulsão do paraíso. Os tapuias acreditavam na imortalidade da alma desde que a pessoa não tivesse morrido de morte matada ou de picada de serpente.
Os Tapuias não faziam nada sem antes consultar os feiticeiros e adivinhos. De um modo geral, a religião dos tapuias lembra um pouco as religiões da África, no tocante a influência forte dos feiticeiros na vida indígena. Os europeus viam nos rituais dos tapuias um comércio direto com os poderes do inferno, além disto os tapuias possuíam deuses também que regiam a agricultura, a pesca e a caça, os invocaram e sacrificaram a eles para obter boas colheitas, pesca e caça fartas. Os tapuias tinham uma lenda que falava no Deus da criação, que tinham dois filhos, o mais novo foi embora para a terra, o Deus pai enviou seu filho mais velho para buscar seu filho mais novo, mas este e seus filhos acabaram maltratando e matando o irmão mais velho, que depois de morto ficou na terra, entre seus parentes, por vários dias e somente depois ascendem ao céu, retornando para o seu pai.
Os europeus acreditavam que o Deus em quem os tapuias falavam era o Deus de Israel, o filho mais velho Jesus Cristo e o filho mais novo seria o próprio Lúcifer ou Caim.
Favor citar da seguinte forma:
OLIVEIRA, E. da S.; MORAIS, M. A de; MEDEIROS, E. D. de & MEDEIROS, M. de L. P. de. Tapuias. História do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide Web:
Referências Bibliográficas
MEDEIROS FILHO, Olavo. Índios do Açu e Seridó. Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal, 1984.


Os franceses na costa potiguar

(Por Francimar de Araújo Galvão; Josefa Emília de Macêdo; Maria Deusa dos Anjos Lima; Nilba dos Santos Medeiros – alunos do período 99.2)
Oficializado o descobrimento do Brasil, fato consolidado em 1500, pouco foi feito, em termos de colonização, nos primeiros anos do século XVI. Aos portugueses, naquele momento, interessava mais a exploração do Oriente, onde predominava o comércio das especiarias – produtos tão cobiçados na Europa da época. Por essas bandas, de comercializável, predominavam apenas as madeiras tintoriais que, ao que parece, não interessavam muito aos portugueses, naquele instante.
À espreita, rondavam os corsários franceses que, por sua vez, não contando com uma frota marítima capaz de lhes proporcionar grandes conquistas, vão aos poucos adentrando os mares, tendo penetrado na costa potiguar, lá pelos idos de 1535; um feito que enaltecera os franceses, apesar de ter sido um fato ilegal, visto que pelo Tratado de Tordesilhas essas terras pertenciam a coroa de Portugal.
A situação geográfica da região onde hoje se localiza o atual Rio Grande do Norte foi bastante favorável às incursões dos piratas e/ou corsários franceses que logo travaram grande camaradagem com os indígenas da área, tendo estabelecido o comércio e o tráfico do pau-brasil e proporcionado às mestiçagens na área dominada pelos potiguares.
Também por aquela época, a coroa portuguesa instituíra o sistema de capitanias hereditárias, tendo sido concedida a área do Rio Grande ao honrado Feitor da Casa de Mina e da Índia, João de Barros. Com o objetivo de evitar maiores dispêndios na ocupação de seu quinhão, João de Barros associa-se a dois outros donatários, que haviam sido beneficiados com lotes de terras, em regiões a Oeste do Rio Grande. Impossibilitado de participar da honrosa empreitada de ocupação de sua capitania, devido suas atividades de burocrata, Barros autoriza seus dois filhos, João e Jerônimo, a partirem para a colônia e apossarem-se das terras que, de acordo com o supremo direito concedido por El Rei D. João III, lhes pertenciam.
Ao adentrarem em "terras" potiguares, os arrojados colonizadores portugueses foram recepcionados a flechadas pelos nativos potiguares que, ajudados pelos traficantes franceses, resolveram impedir a posse dos filhos de João de Barros na capitania.
A fácil amizade firmada entre franceses e nativos potiguares deveu-se, em boa parte, ao tipo de interesse econômico, que aqueles tinham para com a terra. Os franceses buscavam apenas o comércio, sobretudo do pau-brasil e para tanto, fazia-se necessário cultivar a amizade dos nativos potiguares, de forma a obterem a mão-de-obra e os produtos desejados, sem terem que enfrentar maiores dificuldades. Ao contrário dos franceses, que desenvolveram vivência comum com os nativos potiguares por vários anos, os portugueses pretendiam fixar-se na terra, vindo a proporcionar mudanças drásticas de costumes, hábitos e crenças, através da imposição de uma nova ordem e disciplina aos indígenas.
O clima de familiaridade firmado entre franceses e potiguares foi fator preponderante para que, durante o século XVI, a área que abrangia a capitania do Rio Grande tenha sido um reduto de traficantes de madeiras tintoriais. Foi somente no final do século mencionado que os portugueses, temerosos de que os franceses viessem a consolidar a dominação da costa potiguar, decidiram-se pela ocupação definitiva da área. O empreendimento final da conquista, por parte dos portugueses, coube ao Governo Geral que, aliado a alguns colonos ricos, esperançosos de dominarem uma nova região aberta ao comércio, partiu para uma ocupação definitiva. Os objetivos iniciais da colonização do território potiguar seriam a construção de uma fortaleza militar e a edificação de uma cidade, que serviria como marcos de dominação.
O domínio do território não foi tarefa fácil, pois os potiguares continuaram hostis em relação aos portugueses, mesmo não contando mais com todo o apoio dos franceses, que ao presenciarem a armada portuguesa, picaram suas amarras deixando para trás uma capitania devastada pela exploração desenfreada de suas matas. Apesar das freqüentes hostilidades dos nativos, os portugueses consolidaram o domínio definitivo da capitania, fato que se deu nos últimos dias de 1597.
Favor citar da seguinte forma:
GALVÃO, F. de A; MACÊDO, J. E. de; LIMA, M. D. dos A. & MEDEIROS, N. dos S. Os franceses na costa potiguar. História do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide Web:
Referências Bibliográficas
CASCUDO, Luiz da Câmara. História do Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro: Departamento de imprensa Nacional, 1955.
SANTOS, Paulo Pereira dos. Evolução econômica do Rio Grande do Norte (do século XVI ao XX). Natal: Clima, 1994.

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